Beatriz subitamente naquela tarde se cansou do Whatsapp, do Twitter e do Face Book . Respirou fundo dos seus quinze anos, jogou o celular no sofá foi até a geladeira e correu os olhos tentando escolher algo tentador para saciar aquela súbita vontade de não fazer nada. Respirou fundo, olhou pela casa, ligou e desligou a tv e sensação de não fazer nada insistia, persistia, resistia.
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- Que saco! – bufou entediada como todos nessa idade.
E se aproximou da janela de seu quarto, se encostou com descontração e preguiça no parapeito da janela, cruzou os braços e se apoiou neles vendo do alto do sexto andar, o horizonte da cidade.
- Nossa como essa cidade é grande! – disse como se nunca estivesse visto a cidade.
Alias não se lembrava de ter visto a cidade, mas se lembrou que um dia quando morava numa casa e não em um apartamento, se pois na janela, como agora, e ficou olhando o tempo, as pessoas e os acontecimentos. Ainda tinha seis ou sete anos, não se lembra, mas foi bom demais se reencontrar com a sua infância naquele momento. Beatriz sorriu.
- To ficando tonta mesmo! – disse se esticando nesse momento. Um momento prazeroso de um reencontro com a um momento de sua vida, a sua vida e de mais ninguém.
E nesse momento de encontros com sua própria existência, lhe veio no pensamento às velhas perguntadas que se fez debruçada na janela da casa onde morou.
Beatriz aos seis ou sete anos, não sabia muito da vida. Por isso perguntava muito. Viu um homem passar, e se perguntou para onde ele ia depois que passava pela frente de sua casa? Talvez ele vá para a casa dele, igual a sua com uma janela e talvez uma filha que fica olhando pela janela e perguntando para onde vão as pessoas que passam por ali. Então Beatriz concluiu que tudo passava, mas precisava confirmar com sua mãe. E da janela gritou para sua mãe.
- Mãe tudo passa!
Sua mãe que estava no sofá olhando as descobertas da filha, sorriu.
- Tudo passa Beatriz.
- E depois que passa para onde vai?
A sua mãe se surpreendeu.
- Para onde tem que ir.
- O trem passa e vai para a estação, o homem passa e vai para a casa dele, o carro passa e vai para a garagem...
- É assim mesmo!
Beatriz então ficou contente com a sua descoberta, e ficou o resto da tarde olhando tudo passar. Foi um momento só seu e grande que lhe marcou e Beatriz pode trazer e se lembrar desse momento, agora as quinze anos.
E do encosto de sua janela, observou que tudo passa e passa mesmo. E depois que passa não se sabe ao certo para onde vai. Só se sabe que a gente passa, mas momentos como aquele nunca passa, fica para sempre é só se lembrar e deixar passar.
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